segunda-feira, 7 de maio de 2012

ANTÓNIO RAMOS ROSA


*   *

Para um amigo tenho sempre

 
Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.

                                                     António Ramos Rosa (n. 1924) 

(do livro «Viagem Através de uma Nebulosa» - 1960)


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