* *
(Serenamente sem tocar nos ecos)
Serenamente sem tocar nos ecos
Ergue a tua voz
E conduz cada palavra
Pelo estreito caminho.
Vive com a memória exacta
De todos os desastres
Aos deuses não perdoes os naufrágios
Nem a divisão cruel dos teus membros.
No dia puro procura um rosto puro
Um rosto voluntário que apesar
Do tempo dos suplícios e dos nojos
Enfrente a imagem límpida do mar.
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)
(do livro «No Tempo Dividido» - 4ª. edição, revista - Editorial Caminho/2005
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