* *
*
estende a tua mão contra a minha boca,
e sente como respiro contra ela,
e sem que eu nada diga,
sente a trémula, tocada coluna de ar
a sorvo e sopro,
ó
táctil, ininterrupta,
e a tua mão sinta contra mim
quanto aumenta o mundo
* *
sou eu que te abro pela boca,
boca com boca,
metido em ti o sopro até raiar-te a cara,
até que o meu soluço obscuro te cruze toda,
amo-te como se aprendesse desde não sei que morte,
ainda que doa o mundo,
a alegria
Herberto Hélder (n. 1930)
(do livro «A Faca Não Corta O Fogo - súmula & inédita»
- Assírio & Alvim, 2008)
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