Sábado, 4 Junho, 22:00
Sótão
Sei Miguel – trompete
Designado com frequência como um músico experimental, pelo facto de os seus temas soarem estranhos a ouvidos incautos, Sei Miguel diz ser, isso sim, “um trompetista herdeiro do bop via cool”. O curioso é que, não obstante este posicionamento, há no seu jogo solístico reminiscências de Don Cherry no fraseio e de Bill Dixon na sonoridade, ambos figuras históricas do free jazz. Mas esse é só um dos aspetos que explicam a sua singularidade. Outro é o facto de o jazz que pratica lidar com noções de espaço e de tempo que vai buscar a compositores contemporâneos como John Cage e Alvin Lucier. Outro ainda está na particularidade de alistar para os seus grupos instrumentistas que vêm de outras áreas que não o jazz e a clássica, como o rock, a eletrónica e a dita “música não-idiomática”. O que leva para o palco e coloca em disco são conceitos meticulosamente elaborados, mas para ele o que vale é a sua tradução musical prática, e esta é encenada como se o jazz fosse teatro. Como já disse a crítica, está aqui “o segredo mais bem guardado de Portugal”.
Foto © Nuno Martins
Sem comentários:
Enviar um comentário